Entre a casa e o trabalho

VIVIANE ZERLOTINI DA SILVA

RESUMO : Esta publicação se origina da pesquisa realizada para o meu doutorado em Arquitetura e Urbanismo na Universidade Federal de Minas Gerais, entre 2011 e 2014. Nesses anos, investiguei a produção do espaço por coletivos de trabalho em Minas Gerais. Para isso, acompanhei as atividades cotidianas de artesãos, bordadeiras, triadoras e produtoras rurais em diferentes lugares. Artesãos e bordadeiras trabalham em casa. Reúnem-se em centros de apoio e mostram seus produtos em feiras de ruas. As triadoras, nos galpões de triagem de resíduos sólidos, separam o material reciclável, que é recolhido pelas ruas da cidade. Produtoras rurais trabalham juntas na construção de suas casas, na cozinha, na fábrica de costura, em suas lavouras. Elas dançam, cantam e ensaiam no salão de encontro e divulgam suas conquistas em feiras e eventos, dentro e fora da comunidade. O foco deste texto é tentar revelar os traços que caracterizam a maneira como as iniciativas populares produzem o seu próprio espaço. Isso significa compreender que esse processo de produção é feito pelos trabalhadores no dia a dia. É o que chamamos autoprodução do espaço. Os espaços dos coletivos de trabalhadores são vários! Eles são fábricas, casas e ruas. Neles, mulheres e homens se dedicam a diferentes atividades. Quanto mais essas atividades são articuladas entre si, mais os coletivos estão liberados das antigas condições de violência. Eles não se limitam à atividade de produção e combinam atividades econômicas, sociais, culturais e de formação.